sexta-feira, fevereiro 18, 2005

CLUBBERS VÃO INVADIR O EXÉRCITO AMERICANO

O meu muito perspicaz amigo, Chico Bóia, o homem que deveria estar no lugar do Serverino, me encaminhou um artigo muito interessante do Guardian (http://www.guardian.co.uk/usa/story/0,12271,1416073,00.html) cujo título é Ecstasy Trials for Combat Stress (algo como: Experimentos com Ecstasy para Stress de Combate). Resumindo, o exército americano está testando MDMA, o princípio ativo do ecstasy, em soldados americanos lotados no Iraque que sofrem de trauma de combate. O tratamento vem completo com relaxamento e música. Não detalham qual música, mas tendo em vista a droga, deve ser um house de primeira.
Já estou visualizando um batalhão de clubbers se alistando nos Marines para combater no Oriente Médio, declarar estar estressado e receber a medicação. E porquê não? Deve ser coisa de primeira, ou vocês acham que o Pentágono compraria docinho malhado? As raves no deserto serão de primeira. Fatboy Slim atacando nas pick-ups e um monte de doidão em uniforme dançando, se abraçando e gritando “uhú!” sendo observados por um incrédulos árabes. Maomé que os perdoe. Alá é a balada!
Estou dividido. Minhas conclusões são duas, uma paranóica, outra otimista.
A paranóica, que tem todo tom de uma teoria da conspiração, é que se trata de um golpe das forças aramadas ianque para não deixar o ecstasy se tornar para a Guerra do Iraque o quê a maconha foi para a Guerra do Vietnã. Os hippies conseguiram, nos anos 1970, tornar a marijuana num símbolo da paz. Não querendo um ícone-droga para essa geração século XXI, o Pentágono dá o MDMA para seus soldados que, após o tratamento, saem em campo para matar e invadir. Ou seja, em breve, a sensação da droga será associada ao combate. Estará ligada, incoscientemente, à guerra.
A otimista é que o artigo relata também que a iniciativa faz parte de outras experiências com drogas que mexem com o cérebro visando acabar com doenças como obsessão compulsiva, paranóia e hostilidade gratuita. Estão testando, além da já mencionada MDMA, o LSD e o psilocybin (o químico ativo do cogumelo). Isso pode ser um passo grande para desmistificar as drogas e legalizá-las. No mínimo, vai servir para que a sociedade discuta esse assunto sem as idéias pré-concebidas que a mídia, igreja e políticos conservadores vomitam por aí.
O Roberto Carlos sofre de obsessão compulsiva. Já imaginaram o Rei viajandão de LSD e cogumelos? É uma brasa, mora? Ou será um elefante azul?

RESUMO DA SEMANA (12 a 18 FEV/05)

Leitura: O Alienista, de Machado de Assis (Quando era obrigado a ler Machado de Assis no colégio, achava um porre. Hoje, é um imenso prazer.)

Música: CD Bryant Street, do Dubtribe Sound System. Mário Brother's Theme, tocada em versão ska pelo Mr. Bungle.

Comida: Michuê do Beirute, acompanhado com cerveja temperada com limão, sal e pimenta malagueta.

TV: Simpsons

Programa Noturno: aniversário da Kelly no Arueyla (?).

Piada da Semana: Severino Cavalcanti.

Horror da Semana: Severino Cavalcanti.

Trouxa da Semana: Povo Brasileiro.

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

EXPERIÊNCIAS NO ÚTERO: PLANTANDO A SEMENTE DARK

Outro dia, assistindo o Discovery Health (TV aberta? tô fora!), vimos um documentário sobre o desenvolvimento do bebê na barriga da mãe. Uma das coisas que nos surpreendeu é que o feto já ouve e sonha. Sonha com o quê? Deve ser com o quê ouve, claro! E tem mais, quando nasce, o bebê reconhece vozes e, isso que nos animou, músicas. Então, resolvemos submeter nossa futura filha à uma experiência. Gravei um CD com músicas calmas, porém de qualidade. Toda noite, antes de dormir, tocamos o disco. Por incrível que pareça, ela pára de mexer dentro da barriga, se acalma e, achamos, dorme. Estou muito curioso para, quando for botar ela para ninar, após o nascimento, tocar o CD e observar a sua reação. Quais são as músicas? Into My Arms (Nick Cave), Ocean Rain (Echo & the Bunnymen), Atmosphere (Joy Division) e Lulaby (The Cure). Já tem um segundo a caminho (pois não agüentamos ouvir mais esse toda noite) que abre com 1959 do Sisters of Mercy. Será que estamos criando uma filha gótica?

terça-feira, fevereiro 15, 2005

SOBRE O CASAMENTO DO RONALDINHO

Ronaldinho casou. Ou melhor, fingiu que casou, já que ele nem a Daniela poderiam casar por ainda estarem atrelados aos seus ex's. Chamou um monte de gente para um castelo, fretou aviões, convidou o Bono e fez a festa. Dizem que o cachê de modelo da Cicarelli subiu alguns dígitos do dia para a noite. Ou será da noite para o dia, já que festejaram a madrugada toda. E prepotente como ele só, Ronaldinho foi pedir a bênção do Papa. Tudo bem que o Papa é pop e está parecendo o Jaba the Hut fantasiado de padre, mas o Papa não é burro. A igreja não dá benção para separados. Ronaldinho pisou na bola, marcou gol contra. Com o rabo entre as pernas, foi obrigado a chamar um padreco qualquer do Rio de Janeiro, que como todo bom carioca, não segue regras, normas ou tradições. O padre deu a sua bênção ao casal em troca da viagem, hospedagem e outras regalias pagãs. O nome do castelo é Chantilly, que todo bom cozinheiro sabe azeda facilmente e derrete com o calor.

SOBRE O NOVO PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

Ontem não foi só o PT que levou uma lavada. Quem realmente perdeu fomos nós, o Brasil. O novo presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti, é o terceiro homem mais poderoso do país. Quem diz isso não sou eu, é a Constituição Federal. Se o presidente e o vice ficam ausentes, quem assume é o Sr. Cavalcanti, que está mais para Tenório do que Severino. Enquanto o primeiro vinha armado com sua metralhadora Lourdinha, o segundo dispara tiros de regalias, aumentos e mordomias jamais vistas. E a conta vem para a gente pagar! Enquanto não houver representação distrital e proporcional no Congresso Nacional, esse tipo de absurdo vai continuar acontecendo. Os únicos que aplaudem são o PP (que agora nem quer ministério) e os barnabés que trabalham na Casa. O que precisamos é de um Guy Falks tupiniquim. Para quem não sabe, esse herói inglês tentou explodir o Parlamento da Grã Bretanha como protesto contra o descaso dos representantes do seu povo. Hoje, comemoram a audácia como feriado nacional. Alguém empresta um fósforo para acender o pavio?

segunda-feira, fevereiro 14, 2005

BRASÍLIA: AME-A OU DEIXE-A. ONDE É A SAÍDA?

Meu caso com Brasília sempre foi de amor platônico, adoração completa e admiração total. Afirmava a torto e direito que não existe lugar melhor para alguém passar a adolescência, no sentido romano, que significa até os 32 anos. De um tempo para cá a ficha caiu. Como no despertar de um pesadelo, acordo me perguntando: “o quê estou fazendo aqui?” Como que louvar esse mar de marasmo, esse gerador de energia negativa, essa toca de vigaristas, larápios e usurpadores?

Talvez seja que somente agora, quatro décadas após a sua construção, a sociedade brasiliense tenha finalmente se cristalizada e mostra a sua verdadeira face. Estamos no faroeste, na terra de ninguém. A faixa de gaza tem mais moralidade do que esse quadradinho inserido no meio de Goiás chamado Distrito Federal. Gerações cresceram vendo o bem público sendo invadido, vendido, revendido. Grileiros que pousam de deputados distritais e empresários locais fazem a festa; viram deputados irem e virem, roubarem e rolarem. Juízes, presidentes, ministros e senadores deixaram péssima impressão. O, agora adulto, brasiliense acha que é normal dar carteirada, roubar, usar o bem público como se particular fosse.

E esses prédios suntuosos que nos cercam? Congresso, tribunais, ministérios e outros antros de aspones. Todos cobertos de mármore, vitrais e outros exageros? No mundo civilizado, prédios públicos são singelos, construções que não chamam a atenção. O quê chama a atenção é o serviço público prestado à população, não o palácio onde os barnabés trabalham. Em Brasília é o contrário. Oscar Niemayer, talvez inspirado na doutrina stalinista que tanto admirava na época, construiu verdadeiros taj mahais para a burocracia. Templos da ineficiência para abrigar nossos juristas e legisladores. Igualzinho na África e outros redutos atrasados do planeta.

Tem mais à caminho! Também na contramão do que é feito nos países decentes, novas obras de arquitetura estão sendo erguidas, décadas depois da construção de Brasília. Quem assina a planta do em obras Museu Nacional? Oscar Niemayer, novamente. Não houve concurso público, licitação, nada! Simplesmente contrataram o velhinho de novo, jogando fora a Lei de Licitações e impedindo qualquer outro arquiteto de receber algum reconhecimento. É uma retenção de mercado que deveria ser levado ao CADE! Até na França, país mais xenofóbico do mundo, quando vão construir um novo prédio público de importância, fazem um concurso internacional. Tanto é que o autor no anexo do Louvre é um chinês e do Pompidou é um inglês. Aqui não, estamos virando um parque temático do Niemayer, igual a Disneylândia. Vamos cobrar entrada.

Tudo isso reflete no comportamento do brasiliense. No trânsito, nas escolas, no lazer da capital. Não é um lugar agradável, meus amigos. Nossa Câmera Distrital já foi descrita na Veja como uma “casa dos espantos”. Pois é, pegaram leve. Motivo de comemoração na capital é a aprovação do bairro Noroeste, outra orgia imobiliária para um clube restrito de empresários e políticos. Denominam isso aqui “patrimônio cultural da humanidade”. Cultura é o que Brasília menos tem! Os artistas e músicos que fazem sucesso querem mais é distância! Ou você acha que a Legião, Capital e Cássia Eller moram no DF? Essa última, nem quis ser enterrada em solo distrital. Quando o Bolshói se apresentou aqui tinha político comendo Ruffles e falando no celular durante a apresentação. Temos que fazer um abaixo-assinado para a que a UNESCO retire essa calúnia de sua lista de cidades tombadas. Onde é a saída? Quero sair!

Notícias do Front - Baixos Prontos

Nesse último sábado, dia 12 de fevereiro, num agrabilíssimo clima de casamento de viúva (sol e chuva), foram gravados os útlimos baixos do novo disco. Coisa calma, parecia até injeção de vacina: quando menos se espera, já terminou. Agora as bases estão prontas para o Philippe colocar guitarras, violões e vocais. E parece que o Clemente vem mesmo dia 17 para fazer a sua participação no disco! Em frente!