sexta-feira, dezembro 16, 2005

Evento Rádio Cidade (RJ - 14.12.2005)


Sarney para se coçar.



Você tem uma idéia legal para um filme ou para fazer um disco? Talvez para escrever um livro? Precisa de dinheiro para financiar o seu projeto? Tem um programa da Petrobrás justamente para isso. Seus problemas acabaram? Bem, se seu nome não for José Sarney, não. Sempre pensei que o programa de nossa Petrosauro era voltado às pessoas com poucos recursos mas com boas idéias. Pelo menos isso é o que se pretende com ações sociais de cultura, que é o que a Petrosauro se propõe a fazer. Mas como, no Brasil, nada é o que parece, leiam a reportagem, abaixo.

“Petrobrás anunciou a liberação de R$ 1,348 milhão para a recuperação do acervo e modernização da Fundação José Sarney, em São Luis do Maranhão. Os recursos serão aplicados na digitalização do catálogo da fundação, que tem hoje cerca de 500 mil documentos relativos à presidência da República, além de livros e obras de arte.”

Nosso querido ex-presidente, sim aquele que acha que é escritor, cuja família está levando o Maranhão ao fundo do poço, que pediu uma moratória desnecessária quando comandava o país, agradeceu assim: “agradeço a contribuição da Petrobrás à pesquisa histórica do Brasil.” Marimbondos de Fogos me mordam! Desde quando o Ribamar bigodudo faz pesquisa histórica?

E enquanto isso, nossos representantes no Congresso receberão três salários com a convocação extraordinária. Não é legal trabalhar num lugar onde você não faz nada o ano todo e, para compensar, ainda trabalha nas férias ganhando o triplo?

Quando vamos parar de bancar os cordeiros e nos tornarmos país?

quarta-feira, dezembro 14, 2005

Evento Homenagem ao Russo.

Estou no meio do livro do Jon Savage, England’s Dreaming, que conta a história em detalhes do punk inglês. Tem uma frase que o John Lydon falou para o autor que resume o que é tocar numa banda de rock: “you can’t imagine the utter boredome it is.” (Tradução: você não imagina o imenso tédio que é.). Essa frase ficou rolando na minha cabeça o tempo todo no evento Multishow/EMI para homenagear o Renato Russo. Não por culpa dos produtores, a organização estava profissional, a maior atenção para os músicos. Mas o que mas fazemos é esperar, esperar e esperar. Esperar para passar som, para voltar ao hotel, para ir ao evento, para entrar no palco, para sair do evento.

Mas tudo compensa quando estamos no palco e todos gritando “olê-olê-olá plebe-plebe”. Vocês não imaginam como isso causa arrepios. Até a nossa entrada, o público estava vibrando como em qualquer gravação de DVD, muitos querendo aparecer no filme. Mas quando entramos, o canto veio da alma – foi lindo, valeu a pena todo o sacrifício de tocar desfalcado do Txotxa. E ainda por cima, começaram a cantar Até Quando Esperar! Lindo!

E a gente mandou bem: uma versão punk-adrenalinizada de Química. O DVD e o CD saem em março, depois do carnaval, quando o Brasil volta a ficar operacional de novo. Tomara que até lá o R ao Contrário também esteja nas prateleiras das lojas. Fora o Capital, éramos os únicos lá a ter tido mais intimidade com o Manfredini. Demos alguns depoimentos para o making-of que também sairá no DVD.

Último aviso: o Philippe e o Clemente ficaram no Rio para fazer aparições num evento da Rádio Cidade no Claro Hall. Quem perdeu ontem, vá hoje.

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Alternativa Nativa

Janeiro de 1988, patrocinado por uma empresa voltada aos jovens, vários festivais nomeados de Alternativa Nativa são programados para acontecer nas principais cidades do Brasil. A Plebe Rude foi escalada para tocar no Maracanzinho, abrindo para a Legião Urbana. À época, eram as duas mais relevantes bandas de Brasília, sendo o perfeito line-up para a ocasião. Posters na rua, ingressos vendidos, o Naldo, nosso empresário na época recebe um telefonema da organização. “É o seguinte”, dizem, “a Legião Urbana bate o pé para tocar sozinha, não quer que ninguém abra o show, se não, não tocam.” Negociação vai, negociação vem, e o Naldo fechou um negócio que para ele foi muito bom, para a Plebe, tenho minhas dúvidas. Combinou o seguinte: a Plebe receberia para não tocar! E assim foi.

Quem tem um ingresso desse show pode verificar, o nome da Plebe Rude foi furado com pequenas perfurações, sendo impossível de ler. A Legião, por egoísmo, tocou sozinha. Esse show foi o primeiro grande depois do lamentável episódio de Brasília, onde, provocado pelo Renato, o público se revoltou e aconteceu a maior pancadaria. Talvez estivessem inseguros tocando com outra banda. O fato foi que, apesar do Renato sempre declarar que sua banda favorita era a Plebe, fomos limados. O Philippe acha que esse evento foi o começo do fim da banda. Lembro-me de assistir o show do backstage e confraternizar com os legionários depois. Não ficou mágoa, mas que foi esquisito, foi.

Amanhã, vamos fazer uma homenagem ao Renato Russo tocando Química na Fundição Progresso no Rio. A gravação vai virar DVD e especial Multishow. Por incrível que pareça, quase fomos limados novamente. Foi assim: a organização do evento não queria pagar passagens e diárias para o Clemente e o Txotxa, queriam que o Philippe e eu tocássemos com uma banda de apoio. Batemos o pé, conseguimos a presença do Clemente, sacrificando o Txotxa pelo bem do Renato e do evento. Mesmo assim, é estranho. A Plebe, além de conhecer e conviver com o Renato, tinha a sua admiração. No seu quarto, pendurado na parede, a capa do vinil promocional de Este Ano. E é justamente a Plebe que eles querem sacrificar. Detonautas, Pato Fu, Autoramas e outros que nem tiveram nada a ver com o Renato vão estar completos. A gente não.

Mas mesmo com essas adversidades, vamos fazer bonito.T